domingo, 7 de agosto de 2016

Mãe.

Domingo, 07 de Agosto de 2016.
Dezessete horas e vinte e seis minutos.
Por do Sol.
Tempo ameno, brisa fresca.
Escrevo para contar o momento extremamente precioso que tive ontem.
Estava sentado no velho banco de madeira no meio do jardim e olhando pra cima, pro céu.
Era tarde da noite já e eu imóvel, observava as estrelas, o Cruzeiro do Sul, olhava a mancha celestial e estrelar que estava acima da minha cabeça.
Salpicos de luz que me enchem de perguntas e esperança quando passo a observá-los.
“Qual é o sentido da minha vida?”
“Qual é a minha função aqui?”
“O que sou eu diante de toda essa imensidão?”
E depois desses três questionamentos eu só olhei pra Lua, senti a brisa fria da noite e sorri aliviado, “Obrigado por ser hoje, por ser agora, por ser aqui”.
“Obrigado pela grandiosidade e pequenez que é a minha vida, diante de toda essa maravilhosidade infinita, eu escolhi aqui, agora.”
Foi aí que olhei pra uma árvore dançando sob a Lua e pedi encarecidamente, “doce brisa que muda e transforma, que cria e renova, que faz dançar essa árvore sob esse céu lindo, traga-me boas novas, leve com você tudo o que há de negativo e transforme minhas preocupações e angústias em motivos lindos pra sorrir, pra acreditar e fazer valer, estar.”
A natureza parece me escutar de imediato, parece saber  e entender essa conexão profunda que tenho, essa raiz ancestral que me faz ser e sentir tudo o que está ao meu redor. Intuição, conexão, uma inundação de sentimentos e sensações.
Eis que surge um senhor e me chama, pede-me um favor.
“João, faça-me um favor nobre rapaz. Dance com sua mãe e abrace-a tão forte quanto jamais abraçou alguém.”
Eu ri, meio sem graça, sem entender. Foi aí que lembrei de um fato, esse senhor perdeu a mãe há algumas semanas. Imediatamente olhei nos olhos dele e senti aquela dor que ainda existia, senti a vontade de chorar e absorvi tudo aquilo como se fosse eu o filho órfão. Meus olhos encheram.
Fui em direção a minha mãe e disse que ele havia pedido esse favor pra mim.
Nos abraçamos e aí a mágica começou.
Fechei os olhos, coloquei a cabeça dela no meu peito e simplesmente começamos a dançar. Comecei a sentir a respiração dela, o coração batendo, a sensação indescritível de conexão, de que tudo estava alí, naquele momento.
E comecei a pensar coisas.
“Eu uso esse abraço pra te curar de todos os males, pra te pedir perdão e desculpas por tudo que aconteceu até hoje, pelos momentos ruins. Mas hoje estou aqui pra agradecer, somente agradecer. Obrigado mãe. Obrigado por tudo.”
E dançando e dançando ela simplesmente me dá as mãos, me olha nos olhos e diz “Eu te amo, filho. Nunca se esqueça disso”
Foi a primeira vez que me lembro de ter escutado isso dela, do coração pra fora, sabendo que eu estava sentindo tudo o que estava acontecendo no momento, que eu estava livrando-a de preocupações, de angústias e pensamentos ruins.
Eis que o senhor começou aplaudir e todos pararam de dançar e começaram a nos olhar. Era um sábado frio de inverno, agosto, seis de dois mil e dezesseis.
A natureza é mesmo implacável, a mãe terra, as suas forças vitais e energéticas estão sempre prontas pra trazer o que precisamos. O momento e o que será nunca saberemos, mas a forma como muda nossas vidas e nos chacoalha é impressionante.
Eis aqui, o jovem João esperando o sol se por, sentindo a brisa gélida que começa aparecer.
Eis aqui minha gratidão, minhas sinceras saudações a Mãe Terra.
Estou aqui. Eu sinto você.
Feche os olhos, sorria e faça um desejo.


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