segunda-feira, 5 de setembro de 2011

No porão

Fui descendo as escadas do porão, pois na noite anterior havia escutado alguns barulhos vindos lá debaixo. Acendi a luz, abri a porta. Desci o ultimo degrau e pisei no velho assoalho. Meus pés molharam, o chão estava alagado. Continuei me enfiando porão adentro e cada vez mais a água parecia subir. Mas não conseguia entender.
Mais a frente, virando a antiga caixa de brinquedos, notei o meu velho baú de histórias boiando na água junto com alguns gibis e antigos desenhos. Peguei o baú, segurei um caderno, folheei e abri numa página qualquer e comecei a ler. Comecei a sentir meus pés não tocarem mais o chão. Foi então que olhei no fundo da água e vi uma luz branca brilhante lá no canto da parede, bem no fundo.
Peguei a mascara de mergulho, coloquei e mergulhei, fui em direção a luz branca. Quando a toquei, senti minha pulsação acelerar, um leve arrepio e no mesmo momento em que a luz brilhou num clarão, a água oscilou bruscamente. Não vi nada. Quando abri os olhos, estava dentro da água, sem a mascara de mergulho. Coloquei as mãos um pouco acima do pescoço e senti algumas cavidades dos dois lados, eram fendas, eu de alguma forma tinha ganhado brânquias e conseguia nadar sem problema algum.
Continuei nadando sem rumo, tentando entender o que havia acontecido. Logo a minha frente, havia muitas algas e alguns peixes perto de um paredão rochoso. Decidi descer um pouco mais e passei por meio daquela floresta submersa. Espécies de peixes e crustáceos habitavam aquele lugar seguro e protegido do mundo exterior. Passei pelas águas e quando cheguei ao paredão, vi uma porta vermelha atrás de umas pedras que devem ter desabado e tampado a passagem. Retirei as pedras, deixei a porta livre.
Quando abri a porta, fiquei mais espantado ainda. Atrás da porta havia uma imensidão azul, um céu cheio de nuvens, pássaros de todas as cores, criaturas diferentes, balões voavam por todos os cantos e a porta onde eu estava parado, era uma cachoeira. Toda a água começou a sair pela porta e cair precipício abaixo, formando uma queda d’água surreal e incrível. Os peixes que passavam pela porta, como num passe de mágica, viravam pássaros e borboletas e saíam livres pelos céus.
O Sol estava se pondo. Eu estava sentado na beira da porta, observando aquela imensidão. As montanhas que surgiam, as arvores que cresciam gigantes. Tudo incrível.
Olhei para o lado e vi um guarda chuva pendurado em uma alga que havia sido arrastada pela correnteza. Abri-o e uma brisa quente soprou. Olhei para baixo, para o profundo, depois olhei para o horizonte e resolvi que devia tentar saltar, pois depois de tudo que eu havia vivenciado, seria impossível eu sair voando com o guarda chuva?
Saltei. O Sol se escondia atrás de um véu de água que caía de uma nuvem. Um arco Iris surgiu e fez o cenário de pássaros, arvores e criaturas ficar ainda mais bonito. Uma energia tomou conta de tudo e fez com que as coisas ficassem mais surpreendentes. Felicidade e alegria eram constantes.
Aterrissei num belo gramado e alguns segundos depois alguns elfos vieram me observar. Me acompanharam até uma pedra e lá fui convidado para entrar.
Era um templo sagrado. Pessoas, elfos, druidas, centauros, duendes e muitas outras criaturas estavam lá, contemplando a beleza da luz branca, meditando amor e boas energias. Foi quando uma feiticeira me chamou e pediu pra eu deitar e descansar um pouco. Sonhei que estava num porão cheio inundado e que minhas coisas boiavam na água. Era um mundo estranho e ainda penso em qual deles eu realmente vivo.

Boas energias, sempre!
Abraçoos de Sol.

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