segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Andarilho...

Nos seus olhos não se via mais aquele brilho, uma imensidão escura e profunda, perdida na consciência tomava conta daqueles belos olhos que um dia puderam ver, olhar e avistar tão longe dentro e fora desse mundo remoto.
Pudera eu, andarilho do tempo ter avistado uma cegueira tão incomum quanto esta...
Minha gaita, companheira das minhas longas jornadas, tem levado música aos ouvidos que perderam a vontade de escutar, tem feito com que os fracos se levantem e olhem pro céu, abram seus olhos de brilho apagado e possam retomar de volta a luz, a toda essa energia que nos une e nos dá vida e amor.
Minha voz, quase escassa, leva histórias e contos as crianças, sobre o amor e sobre todas as coisas boas que foram perdidas desde aquele dia....
Minhas mãos, velhas e calejadas, tem levado água para os fracos, tem levado cafunés aos carentes, plantado para quem tem fome...
Meu corpo, não mais o mesmo de quando eu passava horas e horas na piscina, ou passava horas deitado debaixo de uma árvore lendo os livros que minha mãe me deu, os mesmo livros que li e reli várias vezes, decorando cada frase, cada capítulo; esse mesmo corpo, com anos e anos de caminhadas e jornadas de paz por esse mundo dito por vários perdido, o mesmo corpo que a terra consome, que a brisa esfria a face, que a água sacia a sede e que o fogo aquece nessas noites frias....
Talvez tenha chegado a minha hora... Plantar uma árvore na velha escadaria, plantar amores ali, regar com todas minhas energias e deixar que o tempo mostre minhas memórias ao mundo e deixo por conta do bom e velho vento carregar minhas histórias, meus contos, carregar minhas lembranças até que finalmente um dia me encontre novamente, nascendo pra recomeçar...

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