quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Fim de Agosto


Saiu o Sol, ele caminhou até a beira da ponte olhando ao redor procurando vestígios de sua vida, de sua permanência pouca e inexata neste palco imenso. Sua visão oscilava, flashes de memórias vinham a tona e parecia desaparecer e ressurgir no passado em que viveu, fez, deixou marcas e foi marcado.
Talvez fosse só efeito dos calmantes essa tontura, e esses olhos vazios o preenchiam. Não havia face, sorriso, nem chuva, nem vento, Presente de corpo, alma flutuante, procurando caminhos a beira mar, ouvindo a sintonia dos calmos pensamentos que agora lhe faziam companhia.
Onde estava agora? Na ponte onde estava já não havia sinais de vida, não se via mais nada, apenas uma forte luz que brilhava ao fundo e vinha pouco a pouco aumentando a intensidade do seu brilho e ofuscando tudo.
Talvez ele não acreditasse em anjos até aquele momento. Foi quando sentiu suas mãos serem tocadas por um forte amor, um calor e uma paz de espírito inabalável. Deixou com que o ser o puxasse para si e percebeu que estava flutuando.
Quando finalmente abriu os olhos, viu ao fundo da ponte um corpo caído, já sem vida, o seu corpo. Tudo então que conhecia pareceu transformar-se rapidamente em um vórtice de memórias, lembranças, tristezas, alegrias, sensações vinham a sua mente e tudo mudava constantemente.
Alguns segundos depois, um silencio tomou conta de tudo, a paz pareceu reinar. Tudo começava a passar devagar, o tempo girava calmamente e tudo estava estacionando.
Voltou seu olhar pro anjo e quando isso aconteceu ouviu-se ao longe o som de trombetas que se aproximavam.
Rapidamente um clarão, uma luz, uma legião de anjos vinha para busca-los.
Uma explosão. Um fim.
Um recomeço.

0 comentários:

Postar um comentário